Desde meados do século XX, trabalhos têm se acumulado na literatura científica documentando que pessoas ativas têm menor mortalidade em relação a pessoas sedentárias. Esses trabalhos pioneiros indicavam que qualquer tipo de atividade física diminuía a mortalidade, desde que o gasto calórico fosse no mínimo em torno de 600 calorias semanais.

Nas décadas de 60, 70 e 80, com o movimento fitness internacional, muitos trabalhos foram feitos mostrando os benefícios dos exercícios aeróbicos para a saúde, mas um entendimento errado que se fazia, era que apenas esses exercícios eram saudáveis.

Trabalhos com desfecho indireto, como por exemplo verificar os efeitos dos exercícios sobre as gorduras do sangue, sobre o metabolismo e sobre os hormônios elevaram a conclusões incorretas sobre os efeitos dos exercícios em geral sobre a saúde das pessoas.

Outro viés de interpretação foi relacionar o tipo de aptidão física induzida pelos exercícios e o estímulo à saúde. Assim sendo, os exercícios que melhoravam a aptidão cardiorrespiratória foram considerados mais salutares em relação às doenças cardiovasculares do que os que melhoravam a aptidão musculoesquelética.

Mais recentemente trabalhos com desfecho direto, ou seja, que relacionaram a prática de atividades físicas com a mortalidade, confirmaram os trabalhos pioneiros, mostrando que qualquer tipo de atividade física estimula a saúde, diminuindo as mortes por doenças nas populações.

A explicação mais aceita é que o grande fator estimulante à saúde é a produção de miocinas pelos músculos em atividade. Essas substâncias reduzem a inflamação basal no sistema cardiovascular e têm efeitos tróficos sobre todos os tecidos e estímulos favoráveis ao metabolismo em geral. Os exercícios resistidos foram particularmente identificados como muito eficientes na produção de miocinas.

Neste trabalho os pesquisadores levantaram os mais recentes trabalhos da literatura sobre efeitos da atividade física com desfecho direto sobre a mortalidade, que foram estudados com a sistemática de metanálise. Foram considerados três grupos de pessoas adultas: as que realizavam exercícios resistidos isoladamente, as que realizavam atividades físicas de diversos tipos com esforço moderado a vigoroso, e as que praticavam os dois tipos de atividade física. Os resultados estão representados na seguinte tabela:

REDUÇÃO DA MORTALIDADE

TR = Treinamento Resistido / AG = Atividades Gerais

Em resumo, os exercícios resistidos foram tão eficientes quanto as atividades gerais para reduzir a mortalidade por todas as causas, menos eficientes para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares e mais eficientes para reduzir a mortalidade por câncer. A associação de exercícios resistidos com atividades gerais foi a situação que mostrou os melhores resultados. As explicações são todas especulativas.

Considerações importantes:

1. O treinamento resistido se mostrou tão importante quanto outras formas de atividade física para promoção de saúde, em alguns aspectos superior.
2. Os melhores resultados em promoção de saúde são obtidos com a associação de exercícios resistidos e atividades gerais.
3. Muitas pessoas não conseguem fazer atividades gerais por limitações articulares ou cardiovasculares, mas todas as pessoas conseguem fazer exercícios resistidos, que permitem as devidas adaptações.
4. Quando as pessoas não sentem prazer em um tipo de atividade física é consensual que pratiquem outro tipo, visando aderência a longo prazo.

Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.