Quando os discos de cartilagem que ficam entre as vértebras apresentam processo de desgaste, dizemos que existe uma discopatia. Esse desgaste pode ocorrer em toda a coluna vertebral e é determinado pela natureza das pessoas, nada tendo a haver com os esforços físicos do trabalho ou dos esportes. Pessoas jovens podem apresentar discopatia e pessoas idosas podem não ter o problema, embora o mais comum seja que os desgastem apareçam na terceira ou quarta década de vida e piorem com o envelhecimento.
Com o processo de desgaste o disco intervertebral perde altura e aumenta os seus diâmetros horizontais, caracterizando uma protusão discal. Com isso ocorre instabilidade da coluna vertebral, com sobrecarga dos ligamentos e dor. A dor da coluna costuma gerar reflexos de contratura muscular dolorosa e muitas vezes é sentida à distância: a coluna cervical pode gerar dor nos ombros e a coluna lombar pode produzir dor nos quadris. As protusões discais também podem irritar raízes nervosas que saem da coluna, produzindo dores nos braços e pernas: cervicobraquialgia e lombociatalgia.
Quando o disco além de gasto apresenta ruptura de sua estrutura periférica pode ocorrer o extravasamento do seu núcleo gelatinoso, o que recebe o nome de hérnia de disco. As irritações nervosas são mais graves quando produzidas por uma hérnia e menos graves quando a causa é uma protusão discal. Quando as pessoas apresentam protusões discais, ficam mais suscetíveis às hérnias, que costumam ser produzidas por movimentos de mal jeito como torções de coluna ou inclinações laterais.
Esforços grandes com o corpo em posição anatomicamente confortável não costumam ser relacionados com hérnias de disco. Esse é o caso dos exercícios de musculação. Pessoas com discopatia ficam mais protegidas quando a musculatura é forte e as dores posturais costumam melhorar, razão pela qual a musculação costuma ser indicada nos casos de discopatia. Atletas não estão livres de apresentar essa condição.
A prática da musculação na presença de discopatia exige que os exercícios sejam selecionados em função do conforto, mesmo no caso de atletas. Além de selecionar os exercícios, as amplitudes de movimento e as cargas também devem ser selecionadas em função do conforto. No caso de crises agudas o repouso é a base do tratamento. Apenas quando não há boa melhora no período aproximado de três meses, a cirurgia deve ser considerada. Cerca de 90 % dos casos não necessitam de operação.
* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.
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