16 – Efeitos do treinamento resistido em combinação com a suplementação de conzima q-10 em pacientes com síndrome pós-pólio: um estudo piloto.
Comentário: Prof. Dr. José Maria Santarem*
Muitos benefícios dos exercícios, sem efeitos adicionais com a suplementação.
Katarina Skough, PT, Charlott Krossén, PT, MSc, Susanne Heiwe, PT, PhD, Henning Theorell, MD and Kristian Borg, MD, PhD. ; 2008
J Rehabil Med 2008; 40: 773775
Síndrome Pós-Pólio (SPP) é o nome que se dá ao reaparecimento de sintomas da fase aguda da poliomielite em pessoas que apresentaram a doença muitos anos antes. A síndrome ocorre geralmente entre 30 e 40 anos após a doença aguda, em 25 a 40% das pessoas. Os sintomas mais comuns são a fraqueza muscular e a fadiga.
Vários trabalhos têm demonstrado que o treinamento resistido (TR) pode melhorar a condição física das pessoas com SPP. Um dos trabalhos sobre SPP demonstrou que a suplementação com coenzima Q-10 melhorou o metabolismo energético do músculo esquelético.
O objetivo deste trabalho foi avaliar se a suplementação com coenzima Q-
10 poderia melhorar os resultados do TR em pacientes com SPP.
MÉTODOS
O presente estudo foi controlado e randomizado. Pacientes com SPP foram submetidos ao TR durante 12 semanas, sendo que metade recebeu suplementação com coenzima Q-10 e a outra metade recebeu placebo. Participaram do estudo 14 pacientes de ambos os gêneros com idade média de 70 anos. Cinco pacientes caminhavam sem ajuda e os demais com bengalas ou andadores.
O treinamento ocorreu com cinco exercícios em duas séries de 10 repetições após aquecimento. Os exercícios foram puxador por trás do pescoço, desenvolvimento, extensões de joelho, rotações de coluna e elevação na ponta dos pés. Para a maioria dos exercícios a carga inicial foi
de 50-60% de 1RM e evoluiu para 70-80%. Testes de 1RM foram realizados ao longo do treinamento.
Avaliações foram realizadas antes do início do programa de treinamento e após o seu final. Os tradicionais testes de sentar e levantar, e o timed up- and-go foram utilizados para avaliar força e potencia de forma funcional. A resistência foi avaliada com o teste de caminhada de 6 minutos. Força e resistência também foram avaliadas em aparelho isocinético. A qualidade de vida foi avaliada com o questionário SF-36. As enzimas musculares foram medidas.
Comentário: A seleção dos exercícios demonstra a pouca familiaridade dos pesquisadores com o TR e/ou a indisponibilidade de equipamento mais adequado. O press peitoral no lugar do desenvolvimento seria mais funcional porque ativaria o peitoral maior junto com o deltóide e o tríceps braquial. Uma remada ativaria os extensores do tronco e adutores da escápula, o que não ocorre com as puxadas altas. Além disso as puxadas altas não são bem toleradas por pessoas idosas com tendinopatia de ombros e o movimento realizado pela frente do pescoço seria mais seguro. Um leg press seria um exercício mais completo e funcional do que a extensão de joelhos e também seria melhor tolerado por idosos com condropatias em joelhos. O movimento de rotação de coluna não faz parte do TR habitual devido aos seus riscos potenciais e pouca ativação muscular. As elevações na ponta dos pés foram realizadas sem evolução de cargas, utilizando o peso corporal. A utilização de testes de 1 RM e o treinamento com seus porcentuais é um complicador desnecessário do treinamento, mas com freqüência é utilizado em trabalhos científicos para documentar a esperada evolução de força. Avaliar a evolução das cargas para manter o grau de esforço desejado para completar as repetições planejadas seria mais prático e cumpriria o mesmo papel de documentação.
RESULTADOS / CONCLUSÕES
Em todos os participantes os resultados mostraram aumento da força muscular e da resistência em todos os testes e melhora da saúde mental no SF-36. Não ocorreu diferenças entre os grupos placebo e coenzima Q-10.
Comentário: Esses resultados confirmam a eficiência do treinamento resistido na síndrome pós-pólio e no caso da suplementação com coenzima Q-10 demonstram que não basta um trabalho mostrar alguma verdade do ponto de vista bioquímico ou metabólico para recomendar a sua aplicação, sendo necessário saber se essa aplicação faz alguma diferença prática.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.
Comentários: José Maria Santarem
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