28 – Treinamento resistido diminui os níveis de fator de necrose tumoral alpha do músculo esquelético em idosos frágeis.
Comentário: Prof. Dr. José Maria Santarem*
Trabalho mostrando a eficiência do treinamento resistido em antagonizar substâncias pró-inflamatórias características do sedentarismo.
Jeffrey S. Greiwe, Bo Cheng, Deborah C. Rubin, Kevin E. Yarasheski e Clay F. Semenkovich; 2000.
Departments of Medicine and Cell Biology and Physiology, Claude D. Pepper Older Americans Independence Center, Center for Cardiovascular Research, Washington University School of Medicine, St. Louis, Missouri 63110, USA
Vol. 15 February 2001 The FASEB Journal GREIWE ET AL.
O fator de necrose tumoral alfa (TNF a ) é uma substância com ação catabólica produzida pelo músculo esquelético nas situações de sedentarismo, envelhecimento e de doenças crônicas como o câncer, infecções crônicas, doenças auto-imunes como a artrite reumatóide, e outras situações patológicas.
Sarcopenia é a perda de massa muscular e de capacidade contrátil dos músculos esqueléticos que ocorre no envelhecimento e nas doenças crônicas. O músculo esquelético é um importante depósito de glicose e de triglicerídeos e o principal determinante do metabolismo basal. A perda de massa muscular favorece a resistência à insulina, a dislipidemia e a obesidade, levando à aterosclerose.
Na sarcopenia ocorre aumento do TNF a, de outras citocinas pró-inflamatórias e da proteína “C” reativa (PCR), que é um marcador de estado inflamatório do organismo.
Os exercícios resistidos são os mais eficientes para aumentar a massa muscular e por mecanismos ainda mal compreendidos, favorece a síntese de proteínas. Uma possibilidade para explicar a sarcopenia é a ação inibitória da síntese protéica pelo TNF a e o seu estímulo para a morte celular (apoptose e necrose).
Neste trabalho os autores estudaram as relações do TNF a com a idade e com os exercícios resistidos. Os níveis de expressão do TNF a foram determinados com biópsia de músculo quadríceps em 12 pessoas jovens (30 anos ou menos) e em 12 pessoas idosas frágeis (75 anos ou mais). Em oito pessoas do grupo de idosos frágeis as biópsias foram repetidas após um período de três meses de treinamento resistido. Também foram medidas a síntese protéica e os níveis de lípase lipo-proteica (LLP), enzima que se relaciona inversamente com os níveis de TNF a, explicando em parte os benefícios dos exercícios na dislipidemia. A composição corporal dos participantes foi aferida pelo método DEXA (absorção de Rx de dupla fonte), equipamento utilizado habitualmente para avaliar a densidade óssea. A massa muscular foi avaliada pela excreção diária de creatinina na urina (média de três coletas de 24 horas), visto que
cada 1 grama de creatinina excretada por dia corresponde a 20 Kg de músculo. Também foi avaliado o consumo máximo de oxigênio.
Os exercícios resistidos foram realizados 3 vezes por semana em sessões de 50 a
90 minutos. Após aquecimento com alongamentos e aeróbicos foram realizados exercícios em aparelhos de musculação com 1 a 2 séries de 6 a 8 repetições com carga entre 65 e 75% de 1 RM. Posteriormente foram introduzidos exercícios abdominais e agachamento com barra livre e os exercícios passaram a ocorrer com 3 séries e carga
de 85% de 1 RM.
Os resultados mostraram que os idosos tinham em relação aos jovens menor massa muscular, menor consumo máximo de oxigênio e mais gordura corporal, como esperado.
Métodos histoquímicos demonstraram que a produção de TNF a ocorre nas células musculares.
Os níveis de TNF a foram significantemente mais elevados nos idosos frágeis em relação aos jovens.
O treinamento de três meses não modificou de forma significante a composição corporal.
Indicadores dos níveis de TNF a diminuíram com o treinamento na ordem de 34 a 46 %.
A síntese de proteínas musculares aumentou 83% com o treinamento. Os níveis de LLP aumentaram 91 % com o treinamento.
A conclusão geral deste trabalho é que o TNF a contribui para a sarcopenia do envelhecimento e que o treinamento resistido é eficiente em atenuar o processo pela inibição de suas ações.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.
Comentários: José Maria Santarem
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