75  Treinamento resistido se mostrou superior ao aeróbico para controle no diabetes

Comentário: Profa. Esp. Hélena Bernardina

O treinamento de força é mais eficaz que o exercício aeróbico para melhorar o controle glicêmico e a composição corporal em pessoas com diabetes tipo 2 de peso normal: um ensaio controlado randomizado.

Diabetologia (2023) 66:1897–1907

https://doi.org/10.1007/s00125-023-05958-9

Strength training is more effective than aerobic exercisefor improving glycaemic control and body composition in peoplewith normalweight type 2 diabetes: a randomised controlled trial

Yukari Kobayashi1,2 · Jin Long3 · Shozen Dan4 · Neil M. Johannsen5,6 · Ruth Talamoa7 · Sonia Raghuram7 ·Sukyung Chung8 · Kyla Kent3 · Marina Basina9 · Cynthia Lamendola1,8 · Francois Haddad1,2 · Mary B. Leonard3 ·Timothy S. Church5,6,10 · Latha Palaniappan8

Tradução e comentários: Profa. Esp. Hélena Bernardina

Esse estudo teve como objetivo determinar qual o melhor treinamento para paciente com diabetes tipo 2 de “peso normal”, ou seja, com IMC (<25kg/m2).

O diabetes tipo 2 de “peso normal” está associado à sarcopenia ou perda de massa muscular, sendo mais comum em populações asiáticas e adultos mais velhos.

Como se sabe, a diminuição da massa muscular aumenta o risco de mortalidade. A maior parte da captação da glicose mediada pela insulina ocorre no músculo esquelético (massa magra), deve-se considerar a importância do aumento da massa magra para melhorar o controle glicêmico nesta população.

As recomendações para exercícios para diabetes tipo 2 são semelhantes a população em geral: 150 min de treinamento aeróbico moderado a intenso ou 2 a 3 vezes por semana de treinamento de força.

Estudos anteriores examinaram os efeitos de tipos específicos de exercício (força versus aeróbico) para avaliar os efeitos nos níveis da HbA1c (hemoglobina glicada), mas estes ensaios foram realizados predominantemente em pessoas com excesso de peso/obesidade com diabetes tipo2 (IMC médio 33-35 kg/m2).

Participaram desse estudo186 homens com idade média de 59 anos (53-66). O desenho do estudo propõe 3 braços de intervenção:

  1. treinamento de força isolado (TF)
  2. treinamento aeróbio isolado (TA)
  3. treinamento combinado de força e aeróbico (COMB)

Após liberação médica eles foram orientados a fazer exercício durante 3 vezes por semana durante 9 meses, de acordo com o programa de exercícios atribuídos.

No grupo TA, padronizaram a prescrição de atividade física moderada a vigorosa (intensidade de treinamento entre 50% e 80 % do seu MET máximo com base no teste de esforço inicial) distribuído em 3 vezes por semana. Os participantes escolheram o exercício preferido: esteira, elíptico ou bicicleta ergométrica.

No grupo TF, os participantes se exercitaram 3 vezes por semana, sendo 2 séries de quatro exercícios para a parte superior do corpo (supino reto, remada sentada, desenvolvimento de ombros e puxada alta), 3 séries de 3 exercícios para pernas (legpress, extensão e flexão de joelhos) e 2 séries de flexões abdominais e extensão lombar.  A intensidade do programa de treinamento de força foi inicialmente baixa para garantir uma execução adequada. O peso foi aumentado até que os participantes pudessem completar de 8 a 12 repetições para cada grupo muscular.

No grupo COMB, os participantes foram instruídos a completar 2 sessões de treinamento de força por semana (protocolo de força), incluindo uma 1 série de cada um dos exercícios e 1 semana realizando o mesmo protocolo (protocolo aeróbico).

Resultados: O resultado primário foi a mudança absoluta nos níveis de HbA1c entre os três grupos aos 3, 6 e 9 meses.  Os desfechos secundários incluíram mudanças na composição corporal e força muscular aos 9 meses para identificar preditores de mudança nos níveis de HbA1c.

Conclusão: O estudo mostrou que o treinamento de força isolado foi eficaz e superior ao treinamento aeróbico isolado para reduzir os níveis de HbA1c em indivíduos com diabetes tipo 2 de “peso normal”, sem diferença significativa observada entre o treinamento de força isolado e o treinamento combinado.

No treinamento de força, o aumento da massa magra em relação à diminuição da massa gorda desempenha um papel importante no controle glicêmico nesta população.

Este estudo tem implicações importantes nas recomendações de atividade física no diabetes tipo 2 em função do peso.

Essa conclusão reitera a relevância de selecionar os exercícios apropriados para essa população. Dessa forma, evidencia-se que o treinamento aeróbio e o treinamento combinado influenciam negativamente no aumento de força e massa muscular, tornando-os menos apropriados para esse grupo específico.

Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.