76 – Musculação aumenta a flexibilidade tanto quanto exercícios de alongamento
Comentário: Mestra Luciana Mastandrea
Strength Training versus Stretching for Improving Range of Motion: A Systematic Review and Meta-Analysis
Afonso, J.; Ramírez-Campill, R.; Moscou, J.; Rocha, T.; Zacca, R.; Martins, A.; Milheiro, AA; Ferreira, J.; Sarmento, H.; Clemente.
Healthcare 2021,9, 427.
https://doi.org/10.3390/ healthcare9040427
Comentários: Luciana Mastandrea
Fisioterapeuta, mestre em ciências pela USP e coordenadora do INSTITUTO BIODELTA
O objetivo desta revisão sistemática e meta-análise com ensaios clínicos controlados e randomizados (ECR) foi comparar os efeitos do TR (treinamento resistido) supervisionado e randomizado versus protocolos de alongamento na melhora da ADM (amplitude de movimento) em participantes de qualquer estado de saúde e treinamento. Há evidências de que o TR melhora a ADM bem como exercícios de alongamento.
Foi realizada uma revisão com 11 artigos e com 452 participantes. Os participantes não tinham restrições quanto à saúde, sexo, idade ou situação de treinamento, as intervenções de TR foram supervisionadas por profissional certificado e não foram colocadas limitações quanto à intensidade, volume, tipo de contrações e frequência. Comparado com grupos realizando qualquer forma de alongamento, incluindo alongamento estático, passivo e dinâmico independentemente da sua intensidade, duração ou funcionalidades. A ADM foi avaliada em várias articulações, preferencialmente por meio de goniometria, mas também com testes padronizados como sentar e alcançar.
As intervenções duraram entre cinco e 16 semanas. A frequência mínima de treinamento semanal foi de duas sessões e o máximo foi cinco. Diferentes modalidades de alongamento foram implementadas. Os estudos nem sempre foram claros em relação à intensidade utilizada nos protocolos de TR e alongamento.
Alguns estudos mostraram que o TR com foco na excêntrica do movimento exige que os músculos produzam força em posições alongadas. Um estudo mostrou que 12 sessões de TR excêntrico aumentaram o comprimento do fascículo da cabeça longa do bíceps femoral, mas também outro estudo mostrou que o TR com ênfase na concêntrica também aumenta, mas realizado o exercício na sua ADM completa. Um estudo com idosos mostrou que aumenta tanto na fase concêntrica quanto na excêntrica, porém neste último foi mais proeminente. Um artigo mostrou reduções significativas na dor associadas ao aumento da força.
Houve algumas limitações nestes estudos como a heterogeneidade das populações analisadas, predominância de estudos com mulheres, o predomínio das avaliações da ADM da articulação do quadril, joelho e ombro.
Esta revisão concluiu que as intervenções de TR e alongamento não foram estatisticamente diferentes no aumento da ADM nem em curto e nem em longo prazo. Portanto as duas intervenções foram eficazes para o aumento da ADM. Tanto o TR quanto o alongamento revelaram efeitos promissores, mas pesquisas futuras devem explorar melhor esse caminho e avaliar melhor a intensidade de alongamento. Contudo a revisão indicou que o TR apresentava algumas vantagens em relação ao alongamento. Uma das vantagens do TR em comparação ao alongamento é que a diminuição da sensibilidade à dor pode ser outro mecanismo pelo qual o TR promove ganhos de ADM.
Outra vantagem do TR é se o fator “duração da sessão” tiver um impacto negativo na adesão a um programa de exercícios. Nesses casos pode -se prescrever programas de TR mais curtos e mais eficazes aumentando a adesão e assim contribuindo para melhoras em outras aptidões físicas importantes além da flexibilidade como o aumento da força muscular.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.
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