22 – Efeitos de 12 semanas de treinamento resistido na severidade da doença e na modulação autonômica em repouso e após exercício resistido agudo de pernas em mulheres com fibromialgia.
Comentário: Prof. Dr. José Maria Santarem*
Trabalho demonstrando efeitos benéficos do treinamento resistido na fibromialgia.
J. Derek Kingsley, PhD, Victor McMillan, MD, Arturo Figueroa, MD, PhD Arch Phys Med Rehabil Vol 91, October 2010
Os autores começam o trabalho definindo que a fibromialgia é uma doença idiopática caracterizada por dores difusas em todo o corpo, diminuição da força e da resistência musculares, intolerância ortostática, intolerância ao frio e fadiga. Comentando que a causa da fibromialgia é desconhecida, os autores lembram que uma disfunção autonômica pode estar implicada na origem de alguns sintomas.
Melhora sintomática e ganhos de força muscular induzidas pelo treinamento resistido em mulheres com fibromialgia são efeitos referenciados em dez trabalhos recentes. Com relação à disfunção autonômica, é comentado que os resultados na literatura não são tão consistentes. Os objetivos deste trabalho foram avaliar os efeitos de 12 semanas de treinamento resistido nos sintomas da fibromialgia e avaliar a influência de uma sessão de treinamento com exercício resistido na modulação autonômica.
Após avaliação dos critérios de inclusão e exclusão, 29 mulheres com idade entre 35 e 50 anos foram encaminhadas para exercícios; 09 mulheres tinham o diagnóstico de fibromialgia (grupo experimental) e 20 não (grupo controle).
Em sessões pré e pós período de 12 semanas de treinamento resistido foram realizadas as seguintes avaliações: determinação de pontos dolorosos, questionário de dor, questionário do impacto da fibromialgia (FIQ), antropometria e testes de 1RM nos exercícios de press peitoral, remada sentado, leg press, extensões de joelho e flexões de joelho.
A avaliação da modulação autonômica foi realizada com eletrocardiograma pré e pós uma sessão aguda de exercício de leg press em 5 séries de 10 repetições, com 2 minutos de descanso entre séries.
O treinamento ocorreu em duas vezes por semana nos mesmos exercícios em que foram avaliadas as 1RMs, em 3 séries de no máximo 12 repetições, com 90 segundos de descanso entre séries. As cargas foram aumentadas em incrementos entre 2 e 10% sempre que 12 repetições foram realizadas com um determinado peso em duas séries seguidas e em duas sessões seguidas.
A força muscular das mulheres com fibromialgia estava nos mesmos níveis apresentados pelas mulheres sem esse diagnóstico no início do treinamento. Ambos os grupos evoluíram força de forma semelhante, com incrementos entre 23 e 39 %.
Os estudos da freqüência cardíaca e da variabilidade da freqüência cardíaca mostraram que a modulação autonômica cardíaca não sofre alterações induzidas pelo treinamento agudo intenso e também não tem influência do treinamento crônico, tanto em mulheres saudáveis quanto em mulheres com fibromialgia.
O número de pontos dolorosos, o questionário de avaliação de dor e o FIQ demonstraram pior situação das mulheres com fibromialgia tanto antes quanto após a intervenção. No entanto, o treinamento resistido sem componente aeróbico nas mulheres com fibromialgia induziu melhoras significantes no número de pontos dolorosos, no questionário de dor e no FIQ.
Os resultados deste trabalho estão em concordância com a literatura atual no sentido de que o treinamento resistido sem exercícios aeróbicos ou alongamentos associados pode ter importantes efeitos no tratamento da fibromialgia.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.
Comentários: José Maria Santarem
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