13 – Epidemiologia das Lesões Relacionadas com o Treinamento com Pesos Documentadas nos Serviços de Emergências dos Estados Unidos da América de 1.990 a 2.007
Comentário: Prof. Dr. José Maria Santarem*
Levantamento de lesões produzidas pelo treinamento com pesos: baixa incidência e pouca gravidade.
Zachary Y. Kerr, Christy L. Collins and R. Dawn Comstock; 2010.
Estudar as lesões produzidas pelo treinamento com pesos é de grande importância em saúde pública visto que o número de praticantes dessa atividade esportiva nos Estados Unidos da América entre 2.006 e 2.008 foi estimado em cerca de 45 milhões de pessoas e continua crescendo. Os autores comentam que poucos estudos avaliaram as lesões relacionadas ao treinamento resistido na população geral. A maioria dos estudos considerou crianças, adolescentes, atletas universitários e levantadores de peso. Alguns trabalhos consideraram lesões não diretamente relacionadas ao treinamento com pesos, como é o caso de mortes de crianças brincando com o equipamento de musculação, superestimando a incidência e a gravidade dos eventos.
Este trabalho considerou as lesões diretamente relacionadas ao treinamento com pesos nos EUA de 1.990 à 2.007, tentando identificar tendências epidemiológicas com o objetivo de traçar políticas de prevenção. No mencionado período, 25.335 lesões bem caracterizadas foram documentadas em 100 hospitais e clínicas dos EUA. Considerando a abrangência populacional das instituições consideradas neste estudo, a estimativa de lesões para toda a nação foi de 970.801 casos no período. As lesões foram agrupadas em sete categorias: distensões, contusões, lacerações, fraturas e luxações, concussões (choques violentos), hemorragias e outros. As ocorrências também foram agrupadas de acordo com a região do corpo.
Os resultados do trabalho evidenciaram:
- As lesões observadas ocorreram em pessoas entre 6 e 100 anos de idade.
- A maioria das lesões ocorreu entre 15 e 40 anos, com média de 27,6 anos.
- As lesões no gênero masculino corresponderam a 83,2 % do total.
- As lesões no tronco superior ocorreram em 25,3 % dos casos.
- As lesões na região lombar baixa foram 19,7 % do total.
- As lesões nas mãos foram 18,6 % do total.
- As distensões corresponderam a 46,1 % das lesões.
- As contusões foram 18,2 % do total.
- Lacerações, fraturas e luxações ocorreram mais em mulheres e crianças.
- A maioria das lesões ocorreu com pesos livres: 90,4 % dos casos.
- Os pesos livres produziram mais fraturas, luxações e lacerações.
- Máquinas produziram mais distensões e esmagamento de partes do corpo.
- Pessoas idosas têm mais lesões com máquinas do que com pesos livres.
- O mecanismo de lesão mais freqüente foi a queda de pesos: 65,5 %.
- Esmagamento de partes do corpo ocorreu em 10,4 % dos casos.
- Golpes em si próprio ocorreram em 9,8 % dos casos.
- Lesões por tração excessiva ocorreram em 7,9 % dos casos.
- Perda de equilíbrio e quedas ocorreram em 3,3 % das lesões.
- Lesões ao levantar pesos do chão ocorreram em 3,1 % dos casos.
- A maioria das pessoas atendidas foram liberadas no atendimento: 98,2 %.
- Um homem de 32 anos morreu devido à compressão por peso no pescoço.
- Um homem de 49 anos e um de 56 anos morreram por eventos cardíacos.
Considerações pertinentes são:
- Crianças, mulheres e idosos apresentam mais lesões proporcionalmente aos homens adultos, provavelmente em função de maior fragilidade do aparelho locomotor.
- Idosos apresentam maior número de lesões com máquinas do que com pesos livres, provavelmente porque esse tipo de equipamento é mais utilizado e recomendado para essa faixa etária.
- A alta ocorrência de lesões por quedas de pesos sugere que a manutenção das fixações das anilhas nas barras e halteres seja mantida rigorosamente em dia, e que as pessoas em treinamento pesado utilizem mais auxiliares nos exercícios.
- Uma hipótese para explicar maior incidência de lesões por tração excessiva em máquinas é que estaturas fora da média, para mais ou para menos, podem não ser bem atendidas pelos aparelhos.
- Os autores recomendam que todos os praticantes de treinamento com pesos devem observar os princípios de segurança habitualmente transmitidos por profissionais da área, mas nem sempre seguidos.
Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.
Comentários: José Maria Santarem
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