Hérnia de Disco Lombar – Posso fazer Musculação?

A coluna vertebral é composta por vértebras, e entre as vértebras estão os discos intervertebrais, compostos de tecido de cartilagem, responsáveis por amortecer os impactos e evitar o atrito entre as vértebras. A discopatia mais comum é a degeneração dessas estruturas e é caracterizada por redução da sua altura, deslocamento (protusão) e rupturas periféricas que podem evoluir para o extravasamento do núcleo pulposo.

O termo hérnia de disco costuma ser aplicado às degenerações mais avançadas. As discopatias degenerativas, de causa genética, geram instabilidades na coluna podendo provocar dores nas atividades diárias. As dores podem ser agravadas por traumas, esforço repetitivo e má posturas da coluna.

A hérnia de disco acomete normalmente pessoas entre 30 e 50 anos, o que não quer dizer que crianças, jovens e idosos estejam livres dela. Estudos radiológicos mostram que depois dos 50 anos, 30% da população mundial apresentam alguma forma assintomática desse tipo de afecção na coluna 1.

As hérnias lombares são as mais comuns por ser região de sobrecarga. As hérnias podem comprimir as raízes nervosas desencadeando as conhecidas ciatalgias, que provocam dor irradiada por toda a extensão do nervo ciático.

Em geral, em três meses 90% dos portadores dessas hérnias estão aptos para reassumir suas atividades rotineiras. Uma das intervenções mais importantes para melhorar os sintomas das dores por hérnia e prevenir a sua evolução ou novas crises é fortalecer os músculos paravertebrais lombares, melhorando assim a instabilidade da coluna.

A musculação, academicamente conhecida como exercícios resistidos, é a forma mais segura e eficiente de fortalecer os músculos e deve fazer parte do programa de treino de pessoas que já apresentam ou tenham predisposição à problemas na coluna 2,3.

A recomendação é utilizar exercícios que estimulem de forma confortável os músculos paravertebrais lombares. Os cuidados devem ser com as flexões exageradas de tronco e de quadril e também com os movimentos de rotação da coluna porque tendem a agravar os sintomas ou desencadear novas crises. Inicialmente recomendamos as remadas com pequeno movimento de extensão da coluna, e leg press ou agachamento, avaliando amplitudes que sejam confortáveis. Numa fase quase sem dor ou totalmente assintomático os exercícios de extensão lombar em máquina ou levantamento terra stiff, com peso livre podem ser experimentados.

A nossa experiência sugere que esses exercícios possam auxiliar de maneira eficiente o fortalecimento dos paravertebrais lombares, mas em caso de dor ou novas crises de dores deve ser retirado do programa de treino para avaliação. Os exercícios abdominais devem ser curtos, evitando flexão de tronco exagerada; abdominais com rotação de tronco devem ser evitados.

Exercícios contínuos aeróbios, como as corridas, precisam ser evitados em fase de dor na coluna por gerar impactos nas vértebras e discos, agravando os sintomas. Ao retomar esses tipos de exercícios também é importante que isso ocorra de forma gradativa, aumentando sua frequência (tempo e dias) na medida em que a coluna for respondendo de forma positiva e assintomática, mantendo no programa o fortalecimento muscular. A supervisão de treino por um profissional especializado em treinamento resistido na presença de doenças e lesões é recomendável no acompanhamento desses casos.

* Sandra Nunes de Jesus, formada em Educação Física e Pedagogia, é especialista em treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pela FMUSP e coordenadora do Instituto Biodelta.