Dor no Quadril e Musculação

Dor no quadril e musculação

Certamente a dor no quadril pode estar associada a diversas doenças. Dentre elas, destacam-se as tendinopatias, bursites, artroses e artrites de quadris.

Variedades de Tendinopatias e Bursites que podem causar dor no quadril

Ao explorar as variedades de tendinopatias e bursites que podem causar dor no quadril, é crucial compreender que as tendinopatias, são caracterizadas por processos inflamatórios (tendinites), degenerações (tendinoses), calcificações e/ou por fim rupturas (totais ou parciais) dessas estruturas.

Relação entre Bursites e Tendinites e Dor no Quadril

Enquanto já as bursites são inflamações nas bolsas serosas das articulações, normalmente em resposta às tendinites. Nos quadris as mais comuns são notadamente as bursites trocantéricas.

Impacto das Artroses na Mobilidade e na Dor no Quadril

Nas artroses (condropatias) ocorrem os desgastes na articulação; como um processo evolutivo a cartilagem perde espessura e o osso se hipertrofia patologicamente.

Dessa forma, diminui o espaço articular e comprometendo assim a mobilidade da articulação.

Desdobramentos das Artrites Autoimunes

No caso das artrites, doença auto imune, os processos inflamatórios são recorrentes nas articulações.

Esses processo contínuo sem dúvida pode levar à uma degradação (deterioração) óssea e da cartilagem; em casos mais avançados, a prótese de quadril certamente pode ser uma alternativa.

Origens Genéticas e Estilo de Vida

Notadamente a maior parte das doenças são de origem genética, e quando associadas a esforços repetitivos ou estilo de vida sedentário com certeza podem agravar a dor no quadril e comprometer a qualidade de vida do indivíduo.

Envelhecimento e Fragilidade Articular

A partir dos 25 anos começamos a perder massa muscular, que vai se acentuando ao longo das décadas de vida, como um processo natural do envelhecimento.

Assim, como consequência, as articulações já comprometidas pelas doenças, junto com o envelhecimento sedentário, enfraquecem-se, afetando assim a sua estabilidade e mobilidade, levando por fim a diminuição da funcionalidade articular.

Papel dos Exercícios na Estabilidade

As doenças do aparelho músculo esquelético são irreversíveis, mas músculos e tendões fortalecidos podem contribuir para diminuição das suas evoluções, aumentando a vida útil da articulação.

Além disso favorecem a melhora da funcionalidade, mesmo com doenças, e por fim, promovem qualidade de vida para as pessoas com comprometimento e dor no quadril.

Logo os tratamentos para a dor no quadril vão desde a suplementação de alguns tipos de colágenos, ainda com poucos resultados científicos sobre a sua eficácia no tratamento.

Além disso temos o uso de medicamentos, como antiinflamatórios e corticóides, além da fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular e alongamentos.

Tratamentos Alternativos e Seus Desafios

Entretanto vale ressaltar que, o uso contínuo de medicamentos pode levar a uma degeneração precoce da estrutura dos tendões, como já demonstrado em trabalhos científicos (1);

e são paliativos, não tratam a causa dos sintomas, que na maioria das situações está associada ao aumento da fragilidade da articulação, causada pela progressão das doenças.

Assim, por essa razão, os exercícios, especialmente de fortalecimento muscular, devem fazer parte da rotina, mas com atenção sempre ao conforto articular durante a sua prática.

Certamente os exercícios que pioram a dor no quadril durante ou após a sessão devem ser constantemente reavaliados e adaptados para que as dores estejam melhor controladas, favorecendo assim inclusive a adesão do indivíduo ao treinamento e sem dúvida a boa recuperação articular pós treino.

Recomendações para uma Prática Segura

Sem dúvida os exercícios contínuos, como correr, pedalar e nadar tendem a sobrecarregar mais as articulações por conta dos movimentos repetitivos.

O que já não ocorre na musculação, por ser uma atividade intervalada e controlada, especialmente no número de repetições, e no número de exercícios para a região (2).

Certamente as sobrecargas nos esforços de vida diária também devem ser orientadas e minimizadas, para melhor controle da dor no quadril, como ficar muito tempo na posição sentada ou cruzar excessivamente as pernas.

Indiscutivelmente o fortalecimento muscular tem se mostrado uma intervenção importante na melhora da estabilidade das articulações, além disso, melhora o quadro de dor no quadril (3,4).

Com certeza músculos fortes absorvem as sobrecargas externas, diminuindo os desconfortos nas articulações em esforços da vida diária, como andar, sentar e levantar, e subir escadas.

Logo, esses benefícios estão associados aos benefícios de hipertrofia de músculos e tendões promovidos pelo fortalecimento muscular, que mesmo em condições de integridade anatômica comprometida, respondem ao estímulo do treinamento, estabilizando e reduzindo as sobrecargas nas articulações(2).

O treinamento resistido, popularmente conhecido como musculação,  é muito eficiente e seguro para o fortalecimento muscular, especialmente em situações de fragilidades e doenças musculoesqueléticas (2).

Por isso os seus benefícios terapêuticos têm sido demonstrados em muitos trabalhos científicos (3).

Contribuição do Instituto Biodelta

O Instituto Biodelta também  tem contribuído com esses achados por meio de trabalhos apresentados em Congressos Científicos, e em algumas publicações.

Sem dúvida na musculação, as sobrecargas do treinamento são mais facilmente controladas, especialmente os pesos, as amplitudes e as repetições, principais aspectos a serem manipulados em condições de limitações músculo esqueléticas.

Dessa forma, pessoas em qualquer idade, jovens, adultos e idosos,  em situações de fragilidade articular, com certeza podem facilmente aderir a musculação, sem agravar o quadro de dores em quadris. (2).

Programas de Treinamento para Dor no Quadril

Sem dúvida o programa de treinamento precisa contemplar os principais exercícios da musculação.

Logo os exercícios básicos, pela sua eficiência, solicitam integralmente os grandes grupos musculares durante o movimento, são eles:

Supino ou press peitoralremadaspress de ombros (desenvolvimento), rosca lateralextensão de tríceps, agachamento ou leg pressgêmeos e abdominais.

Nas condições de problemas e dor no quadril, o Leg Press e/ou Agachamento sem dúvida é o exercício básico mais importante para essa estrutura, e certamente deve fazer parte do programa de treino.

Dessa forma as amplitudes e cargas devem ser ajustadas para o conforto.

Exercícios complementares, como a cadeira abdutora, podem contribuir para a melhora do ajuste articular.

Entretanto não devem ter pesos excessivos para não sobrecarregar a articulação ou provocar dor.

Pesos maiores e ênfase na sua evolução, certamente devem ocorrer nos exercícios básicos, por serem multiarticulares e solicitarem grupos musculares maiores.

No caso de próteses em quadris, sem dúvida o cuidado maior na cadeira abdutora deve ser na fase final da contração excêntrica, evitando aproximar os joelhos.

Nessa posição o quadril em flexão associado à uma rotação da articulação no quadril, junto com a adução, pode deslocá-la.

Exercícios para os glúteos podem ser experimentados, inclusive para o lado mais afetado, entretanto sempre com pesos pequenos, na mesma proposta terapêutica.

Exercícios Complementares para Dor no Quadril

Certamente outros exercícios podem complementar o programa de treino.

Também parecem ser muito eficientes para a articulação do quadril, como o Stiff ou Lombar, especialmente nas tendinopatias.

Para todos os exercícios, certamente a amplitude deve ser adequada ao conforto, e mesmo quando muito curta, a ênfase na contração excêntrica deve ser orientada.

Trabalhos mostram que os exercícios resistidos com ênfase nas contrações excêntricas indiscutivelmente constituem a melhor forma de mecanoterapia.

Assim, nessa fase da contração muscular, fase excêntrica do movimento, quando enfatizada, contribui para aumentar a sobrecarga no tecido conjuntivo, favorecendo a sua proliferação.

Como resultado, ocorre o aumento da capacidade elástica muscular, aumentando sua capacidade de absorção de sobrecargas.

Logo é considerado dessa forma o alongamento muscular mais eficiente.

Alguns trabalhos também demonstraram que a fase excêntrica da contração muscular contribui para  a remoção de processos inflamatórios.

Importante, procure sempre um profissional especializado no acompanhamento dos seus exercícios!

* MSc. Sandra Nunes de Jesus é  profissional de Educação Física e atualmente é coordenadora técnica do Instituto Biodelta e da Biodelta Metodologia.

Referências

  1. Kristensen J, Franklyn-Miller A. Resistance training in musculoskeletal rehabilitation: a systematic review. Br J Sports Med. 2012 Aug;46(10):719–26.
  2. Santarem JM. Musculação em todas as idades. Editora Manole;
  3. Cranmer M, Walston Z. Heavy resistance training in the management of hip pain in older adults: A case series. Physiother Theory Pract. 2022 Dec;38(12):2241–9.
  4. Hansen S, Mikkelsen LR, Overgaard S, Mechlenburg I. Effectiveness of supervised resistance training for patients with hip osteoarthritis – a systematic review. Dan Med J [Internet]. 2020 Jun 1;67(6). Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32741435