27  Revisão sistemática sobre o efeito da atividade física na articulação do joelho

Comentário: Prof. Dr. José Maria Santarem*

Uma revisão de literatura concluindo que os exercícios estimulam a vitalidade das cartilagens e não prejudicam as articulações. Novo conceito: osteófitos podem ser fisiológicos.

DONNA M. Urquhart 1, JEPHTAH FL TOBING 1, Fahad S. HANNA 1,2, PATRICIA BERRY 1, ANITA E. WLUKA 1,2, Changhai DING 1,3, e Flávia M. CICUTTINI 1; 2011
1School of Public Health and Preventive Medicine, Department of Epidemiology and Preventive Medicine, Monash University, Alfred Hospital, Melbourne, Victoria, AUSTRALIA; 2Baker Heart Research Institute, Melbourne, Victoria, AUSTRALIA; and 3Menzies Research Institute, Hobart, Tasmania, AUSTRALIA
Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 43, No. 3, pp. 432–442, 2011.

Os autores colocam a situação de que a atividade física tem sido justificadamente estimulada como agente promotor de saúde devido à comprovada influência benéfica no controle de doenças crônicas importantes como a obesidade, diabetes do tipo 2, doença cardiovascular, câncer e pelo estímulo à saúde mental. Esclarecem no entanto, que existem dúvidas quanto aos efeitos da atividade física da origem e progressão da artrose, principalmente nas articulações de carga como os joelhos. Alguns trabalhos sugerem que a atividade física pode ser benéfica para as articulações, enquanto outros mostram efeitos nulos ou prejudiciais.

Este trabalho é uma revisão de 28 estudos sobre a progressão da artrose de joelhos em atletas e esportistas adultos, que utilizaram métodos de imagens para avaliação anatômica (Rx ou ressonância magnética). A maioria dos trabalhos considerados foram estudos longitudinais, de coorte ou caso-controle, mas também foram utilizados estudos transversais.
Como critérios de avaliação foram considerados:

1) A espessura da cartilagem dos joelhos (tíbio-femoral)
2) A presença de osteófitos.
3) A qualidade da superfície da cartilagem

Os osteófitos são definidos como as imagens produzidas pela hipertrofia óssea conseqüente ao desgaste da cartilagem.

Como resultados desta revisão foram definidos:

1) Existe forte evidência de relação positiva entre a atividade física e a presença de osteófitos em joelhos.
2) Existe forte evidência de que não há relação entre a atividade física e a redução da espessura das cartilagens dos joelhos.
3) Existe alguma evidência de que há relação positiva entre a atividade física e o volume das cartilagens dos joelhos.
4) Existe forte evidência de que há relação positiva entre a atividade física e a qualidade da superfície das cartilagens.

Aspecto importante deste trabalho é que os osteófitos devem ser considerados uma reação óssea às sobrecargas, que podem ocorrer em função do desgaste da cartilagem ou em função da maior solicitação mecânica. No primeiro caso indica doença (artrose), mas no segundo caso não. Portanto as evidências coletadas sugerem que a atividade física pode estimular osteófitos nos joelhos, mas não está implicada na redução da espessura das cartilagens e assim não estimula a artrose.
Trabalhos anteriores que sugerem maior incidência de artrose de joelhos em atletas devem ser revistos à luz desse novo conceito, porque os osteófitos sempre foram considerados, incorretamente, um indicativo de artrose.

Aspecto relevante é que além de a atividade física não estar relacionada com a redução das cartilagens dos joelhos, parece estimular a sua boa qualidade.

Metodologia, tabelas, gráficos e bibliografia encontram-se no artigo original.

 

Comentários: José Maria Santarem