Amplitude dos Exercícios

Amplitude dos exercícios

Amplitude dos exercícios: Amplitude dos exercícios é o grau de movimento realizado pelas articulações envolvidas. Um dos princípios do treinamento resistido é tentar realizar os exercícios com a máxima amplitude possível. Esse procedimento permite a ativação das fibras musculares de uma maneira mais completa, teoricamente contribuindo para os melhores resultados do treinamento. No entanto, a amplitude dos exercícios parciais também conseguem ativar os músculos de maneira eficiente e existem duas situações em que devem ser utilizadas.

A primeira é quando ocorrer desconforto articular na medida em que aumentam as cargas em algum exercício. As contrações musculares protegem as articulações nos graus medianos de movimento, assimilando forças e aliviando os ligamentos. Na amplitude dos exercícios máxima os músculos perdem força por razões biomecânicas e os ligamentos suportam a maior parte das forças incidentes sobre as articulações.

A amplitude dos exercícios parcial também consegue ativar os músculos de maneira eficiente.

Quando a estrutura osteoligamentar da pessoa é robusta, os exercícios são confortáveis em toda a sua extensão de movimentos. Todavia, havendo alguma fragilidade constitucional das articulações, a sobrecarga nos ligamentos será excessiva na amplitude dos exercícios maiores. O organismo informa sobre essa situação por meio do desconforto articular, que é decorrente da estimulação excessiva de terminações nervosas específicas da cápsula e dos ligamentos. Mesmo nas pessoas geneticamente bem constituídas, a utilização de grandes cargas pode produzir a sensação de desconforto articular, que deve ser respeitada.

A conduta técnica tradicional é realizar a amplitude dos exercícios grande nas séries iniciais de cada exercício, mas na medida em que os pesos são aumentados nas séries subseqüentes, caso ocorra desconforto articular, as amplitudes devem ser diminuídas. Desta maneira, as séries finais com grandes cargas podem ser realizadas com amplitudes muito reduzidas e isso deve ser entendido como procedimento de segurança, instintivo para a maioria das pessoas. A segunda situação em que a amplitude dos exercícios não deve ser máxima é quando existem alterações patológicas nas estruturas articulares. As artroses e as artrites crônicas produzem deformidades que podem mecanicamente impedir movimentos amplos das articulações.

A amplitude dos exercícios não deve ser máxima quando existem alterações patológicas nas estruturas articulares.

Forçar a amplitude dos exercícios na vigência de artrose ou artrite pode lesionar os tecidos e produzir crise aguda de dor. Os tendões podem com freqüência apresentar enfraquecimento, muitas vezes acompanhado de inflamação e rupturas, totais ou parciais. Os ligamentos e cápsulas articulares podem apresentar frouxidão, diminuindo a sua capacidade de manter as extremidades ósseas bem posicionadas nas articulações.

Em todas essas situações o desconforto pode surgir em determinadas amplitudes articulares, o que deve ser interpretado como um sinal biológico para a interrupção do arco demovimento.

* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.