Exercícios Terapêuticos: Por Que Musculação?

Sem dúvida exercícios resistidos utilizados com objetivos de fisioterapia podem ser chamados de musculação terapêutica ou exercícios terapêuticos.

Resistência com Pesos: Uma Escolha Prática e Econômica de Exercícios Terapêuticos

Certamente a forma de resistência para os movimentos mais utilizada em exercícios resistidos são os pesos em função de praticidade e baixo custo.

Musculação e seu Impacto na Massa Muscular

A prática dos exercícios com pesos recebe o nome de musculação devido notadamente ao seu reconhecido efeito de estímulo para aumento da massa muscular.

Tendências Atuais: Musculação para Fins Terapêuticos

Atualmente existe a tendência de utilizar a musculação com finalidades terapêuticas devido à eficiência e à segurança.

Eficiência da Musculação: As Necessidades Atendidas nos Exercícios Terapêuticos

Indiscutivelmente para que algum tipo de exercício seja adequado para finalidades terapêuticas, tanto para doenças musculoesqueléticas como para doenças sistêmicas e fragilidade, as necessidades em eficiência e segurança precisam ser atendidas.

Importância da Força Muscular para a Estabilidade e Função Diária

Sem dúvida no aspecto da eficiência a musculação é o tipo de exercício que apresenta o melhor conjunto de efeitos:

Força – A musculação com pesos é reconhecidamente o tipo de exercício mais eficiente para aumentar a força muscular.

A força precisa aumentar para estabilizar as articulações aliviando dores e permitindo função confortável; além disso, a força aumentada permite que os esforços da vida diária sejam realizados com menor recrutamento de fibras e consequentemente menores elevações da frequência cardíaca e da pressão arterial, diminuindo a intensidade dos esforços da vida diária.

A força muscular também é importante para caminhar porque permite que essa atividade seja aeróbica. Pessoas fracas caminham recrutando muitas fibras e o esforço passa a ser anaeróbio, com fadiga precoce.

O limiar anaeróbio corresponde a cerca de 30 a 40 % das fibras em atividade.

Potência e Movimentos Rápidos na Musculação Terapêutica

Potência – A força aplicada rapidamente recebe o nome de potência.

Movimentos rápidos não podem ser terapêuticos porque são agressivos para articulações fragilizadas.

Entretanto, os movimentos lentos da musculação tradicional que aumentam a força são seguros e aumentam também a potência, de tal forma que as pessoas possam utilizar essa aptidão quando for necessária, como por exemplo, para recuperar o equilíbrio e evitar quedas.

Resistência Muscular Localizada e Seu Papel nos Exercícios Terapêuticos

Resistência – A capacidade de prolongar esforços recebe o nome de resistência.

O tipo de resistência que todos precisamos para o trabalho braçal e para algumas atividades da vida diária é a chamada resistência muscular localizada, indiscutivelmente muito estimulada pela musculação.

A resistência para prolongar esforços como correr, pedalar ou nadar exige a prática dessas atividades de forma contínua, o que sem dúvida extrapola o campo de atuação dos exercícios terapêuticos.

Coordenação e Musculação: Contribuições para a Funcionalidade

Coordenação – A coordenação adequada dos movimentos é fundamental para a funcionalidade.

Certamente os exercícios da musculação são particularmente eficientes para a coordenação por serem lentos, realizados nas maiores amplitudes possíveis respeitadas as limitações, e por utilizarem os movimentos funcionais da vida diária como empurrar e puxar, com os braços e com as pernas, estabilizando o tronco.

Dessa forma, mesmo no caso de doenças neurológicas com hipertonia a musculação tem se mostrado o mais eficiente estímulo à funcionalidade geral, sem piora da espasticidade ou rigidez.

Flexibilidade: Atendimento às Necessidades Articulares

Flexibilidade – A falta de movimento diminui as amplitudes articulares podendo prejudicar a funcionalidade para a vida diária.

Para aumentar a flexibilidade das articulações os exercícios precisam forçar os limites das amplitudes, mas respeitando as limitações por deformidade anatômica patológica ou dores.

Na musculação essa necessidade é facilmente atendida. Na ausência de dores ou deformidades, a musculação aumenta a flexibilidade até níveis bem superiores aos necessários para a vida diária.

Assim, apenas para objetivos atléticos são necessários exercícios específicos de alongamento para flexibilidade.

Alongamento na Musculação: Equilíbrio entre Eficiência e Estabilidade

Alongamento – O alongamento dos músculos e das articulações é necessário para aumentar a flexibilidade e ocorre na musculação embora não em graus máximos.

O alongamento máximo das articulações, utilizado na preparação esportiva, tem o inconveniente de piorar a estabilidade, favorecendo lesões.

No caso de doenças articulares o alongamento máximo das articulações provoca dores imediatas e piora dores cinéticas por agravar a instabilidade.

Por outro lado, o alongamento muscular é importante para aliviar dores de diversas origens.

A musculação é o mais eficiente estímulo para o alongamento muscular devido aos efeitos da contração excêntrica resistida sobre a elasticidade e proliferação do tecido conjuntivo do músculo esquelético.

Esses efeitos ocorrem mesmo quando não é possível alongar muito as articulações.

Papel da Massa Muscular na Saúde Geral

Massa muscular – O aumento da massa muscular tem sido reconhecido como importante para a saúde por várias razões: aumenta o metabolismo basal, modifica o perfil hormonal para o lado do anabolismo (construção de tecidos), favorece o controle da glicose sanguínea e a redução da gordura corporal, além de proteger as articulações devido ao aumento paralelo da força.

A musculação é o mais eficiente exercício para estimular o aumento da massa muscular.

Estímulo à Massa Óssea: Musculação e Seus Benefícios

Massa óssea – A perda de massa óssea ocorre no envelhecimento, no sedentarismo, nas imobilizações, em muitas doenças crônicas, na má nutrição e como efeito de medicação.

Embora com grande influência da constituição genética, exercícios estimulam o aumento da massa óssea quando comprimem o esqueleto.

Uma das formas de compressão óssea é o impacto, que é a desaceleração brusca do corpo em movimento, como nos saltos.

O impacto é também um importante fator de lesão para as articulações.

A outra forma de compressão dos ossos é o suporte de pesos, como o peso corporal ou os pesos utilizados em exercícios.

A musculação e os saltos são os mais eficientes exercícios para aumentar a massa óssea, mas os grandes impactos dos saltos impedem a sua aplicação terapêutica.

Musculação e Redução da Massa Adiposa: Contribuições para a Saúde Geral

Massa adiposa – A redução da gordura corporal é importante para melhorar condições basais para a saúde: diminui a resistência à insulina, melhora o perfil lipídico do sangue, reduz a pressão arterial, favorece um bom perfil hormonal, alivia o trabalho cardíaco e diminui a sobrecarga nos esforços.

A musculação é atualmente reconhecida como muito eficiente para estimular a redução da gordura corporal não apenas por gastar calorias, mas por aumentar a massa muscular e consequentemente o metabolismo basal, e por estimular um perfil hormonal adequado.

Segurança na Musculação Terapêutica: Aspectos Cardiovasculares e Musculoesqueléticos

A segurança é uma qualidade fundamental para exercícios terapêuticos, visto que a sua aplicação ocorre em situações de saúde comprometida e muitas vezes fragilidade.

A musculação apresenta alto grau de segurança, tanto cardiovascular quanto musculoesquelética.

No aspecto articular a segurança decorre do controle e adequação individual de todos os fatores de sobrecarga para o aparelho locomotor: os aparelhos colocam o corpo nas posições mais adequadas para os exercícios; as amplitudes dos movimentos são definidas para respeitar dores e limitações; a velocidade dos movimentos é baixa, sem acelerações e desacelerações bruscas; as cargas são definidas de acordo com a força de cada grupo muscular; as repetições habituais são confortáveis e podem ser muita baixas na situação de fraqueza acentuada; o número de movimentos totais é pequeno e a duração das sessões habitualmente curta, assim como as suas frequências semanais.

Conclusão: Musculação Terapêutica como Forma Eficiente e Segura de Exercícios Terapêuticos

A segurança cardiológica é grande nos métodos de treinamento da musculação tradicional, recomendados como os mais eficientes também para fisioterapia e reabilitação.

Mesmo com pesos que produzem dificuldade eficiente para os movimentos o grau de esforço pode ser adequado para as condições individuais; a frequência cardíaca não aumenta muito e a pressão diastólica um pouco mais alta garante maior oferta de sangue para o miocárdio.

A incidência de arritmia ou isquemia na musculação é muito baixa, mesmo em cardiopatas.

A dispnéia em cardiopatas e pneumopatas é facilmente controlada com baixas repetições e intervalos mais longos entre séries.

Em resumo, a situação atual do conhecimento sugere que os exercícios resistidos com pesos sejam a mais eficiente e segura forma de exercício terapêutico, recebendo o nome de musculação terapêutica.

Referências bibliográficas em www.treinamentoresistido.com.br

* José Maria Santarem é doutor em medicina pela Universidade de São Paulo, fisiatra e reumatologista pela Associação Médica Brasileira, consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, coordenador de pós-graduação na Escola de Educação Permanente do HC-FMUSP, diretor do Instituto Biodelta, autor do livro Musculação em Todas as Idades (Ed. Manole) e coordenador do site acadêmico www.treinamentoresistido.com.br.